domingo, 12 de fevereiro de 2012

O Ibovespa não é a bolsa.

O Ibovespa é o índice mais conhecido da bolsa de valores do Brasil. Um balizador para muitos produtos financeiros que ou o perseguem ou cobram taxa de performance para supera-lo.
Porém é sempre bom lembrar que o Ibovespa não é a bolsa, mas apenas uma amostragem, uma média. O fato de a “bolsa” (o Ibovespa no caso) ter subido ou caído num período, não significa que todas as ações tenham tido o mesmo desempenho. Uma escolha criteriosa das ações pode levar a resultados acima desse indicador.

Como em todo cálculo de média, e o Ibovespa é a média de 70 ações que o compõem atualmente, algumas ações terão resultados muito acima e outras muito abaixo da média.
Em matéria da revista Exame n° 1009 (08/02/2012) fica evidente o desempenho muito superior de algumas ações, no período de 10 anos.
Enquanto o Ibovespa valorizou 364% nesse período (equivalente a 16,59% ao ano) algumas ações de empresas bastante tradicionais superaram em muito o índice, vejamos a performance delas no mesmo período de 10 anos*:

Lojas americanas – alta de 6.755%
Alpargatas – alta de 4.664%
CSN – alta de 2.608%
Souza Cruz – alta de 1.775%
Gerdau – alta de 1.358%
Vale – 1.219%
Ambev – 1.061%
Itaú Unibanco – Alta de 688%

Dessas apenas a Alpargatas não faz parte do Ibovespa atualmente.
Se ações de companhias com grande peso no índice tiveram resultados tão expressivos, porque o Ibovespa valorizou “apenas” 364%? Porque, como em toda média, muitas outras companhias tiveram resultados negativos, ou seja, desvalorizaram nesse período.

O critério de inclusão de uma ação no índice é o da liquidez, entram no Ibovespa as ações mais negociadas da bolsa. Não importa se a empresa é grande ou pequena, tradicional ou nova, lucrativa ou deficitária, se os controladores são profissionais de sucesso ou vendedores de ilusão etc. Apenas a liquidez é considerada. Exceto companhias em recuperação judicial ou processo de falência não entram (ou são excluídas).
Portanto o critério não é qualitativo, o fato de uma ação figurar na carteira do Ibovespa não é uma chancela de qualidade.

Quem compara rentabilidades de outros ativos com o Ibovespa deve sempre lembrar que está comparando com uma média, não a verdade absoluta do desempenho das ações.
Comparar o desempenho do CDI com o Ibovespa nos últimos anos mostra pequena vantagem do CDI no período. A comparação é válida, mas note que se compararmos com alguns ativos isolados o quadro muda totalmente. Não se deixe levar pela "ditadura" do Ibovespa quando pensar no investimento em ações!

Quem “compra” o Ibovespa por um fundo de ações referenciado a esse índice certamente investe em algumas ações que não seriam suas escolhidas no caso da composição de uma carteira própria. Seja pelo ramo de atuação, ou porque não dão lucros satisfatórios, ou porque os controladores são pessoas de má reputação etc. dentro do Ibovespa sempre há ações de desempenho ruim.
Mas, convenhamos, 364% em 10 anos (16,59% ao ano) é um retorno bastante satisfatório.

Lendo esse texto pode parecer que é muito simples ou fácil montar uma carteira que supere o desempenho do Ibovespa. Não é. Nem para pequenos investidores, nem para gestores profissionais de grandes fundos. Mas é possível sim, ainda mais no longo prazo. Buscando empresas de boa governança corporativa e que sejam historicamente lucrativas, provavelmente o investidor alcançará resultados melhores do que a média.

* A citação às referidas ações não representa, em hipótese alguma, nenhum tipo de recomendação de investimentos. Trata-se apenas da demonstração de dados históricos e, como se sabe, rentabilidade passada não significa garantia de rendimentos futuros.

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